quarta-feira, 15 de abril de 2009

A força metamorfoseada no senil cansaço - Breve ensaio sobre a aposentadoria e a metamorfose kafkaniana.

Franz kafka, em sua obra magistral - a metamorfose - extrapola pelo absurdo e presenteia a humanidade com, talvez, a mais bela e mágica metáfora escrita no século XX; e que de forma alguma soa datada quando de sua leitura.
Ao ler a obra existencialista, o receptor da mensagem kafkaniana deve extrair o seu espírito e guiar a compreensão em direção a maior das sentenças/violências que um homem pode vir a ser submetido.
Nos dias atuais, o conteúdo da obra pode, então, ser aplicado na figura do cidadão dedicado, que suou, lutou, laborou uma existência inteira e se exauriu em nome de seu Pai-Estado; o que ajudou em seu crescimento, desenvolvimento, produção de riqueza e que cansado, se metamorfoseia num “inativo”, que já não é mais útil ao seu Pai, pois como um “rola bosta”, se rasteja e caminha devagar com suas perninhas cansadas, que de tão fracas, apenas o conduzem à enfermaria da morte, e lá encontra o seu Pai desinteressado com a sua agonia, que quiçá, lhe fornecerá, com requintes de crueldade, apenas as migalhas sobre, que sabe, talvez, uma tabua fria e infectada de venenos mortais.

Desta forma, o Pai-Estado-Tribunal, aos poucos, conduzirá se “filho-besouro moribundo”, através do fornecimento de condições inóspitas de acesso à vida, à última instância recursal - ao grande Julgamento -, e ao final de tudo, o Pai voltará a sorrir e se tornará mais virtuoso para o combate de sua epidemia de “insetos daninhos encaroçados”, que batem a sua porta quando mais precisam, gritando de maneira urgente e desesperada pela tão almejada vida digna que mereceriam.

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